Estudo sobre ondas de gravidades na baixa atmosfera brasileira gera publicação no prestigiado Journal Geophysics Research: Atmosphere

A pesquisa analisou dados diários de balões meteorológicos em 32 aeródromos brasileiros em 2024 e descreveu como que as ondas de gravidades se comportam.

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    O doutorando Prof. Alysson Brhian (PG-FIS/C) publicou o artigo "A Survey on Gravity Waves in the Brazilian Sector Based on Radiosonde Measurements From 32 Aerodromes" (https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1029/2023JD039811) na renomada revista JGR: Atmosphere. Este artigo contou com a ajuda do seu orientador Prof. Dr. Marco Ridenti, co-orientadora Profª. Drª. Marisa Roberto (in memorian) e os pesquisadores Dr. Alessandro de Abre, Dr. José Guedes e o Prof. Dr. Elson de Campos.
     
    Ondas de gravidade - não confundir com ondas gravitacionais - são semelhantes às ondas dos oceanos, que costumamos ver nas praias,  quebrando sobre a areia. Assim como as ondas oceânicas, as ondas de gravidade são geradas por ventos e tem como força restauradora a gravidade. São comuns na atmosfera e desempenham um papel importante  no transporte de energia e momento. Seu estudo é particularmente relevante no campo da climatologia e sua modelagem.
     
    Esse trabalho analisou dados de balões meteorológicos (radiossondas) de 32 aeródromos brasileiros mantidos pelo Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA). O trabalho utilizou de várias técnicas estatísticas inéditas neste campo e analisou perfis oriundos das camadas da troposfera e da baixa estratosfera. Os dados foram analizados em dois períodos sazonais: a primavera-verão e no outono-inverno. Com isso, verificou-se que os perfis médios de vento se agruparam latitudinalmente e com dependencia sazonal. Mostrou-se também que as energias cinéticas e potenciais dessas GW apresentaram características de sazonalidade. 
     
    O estudo mostrou que as ondas de gravidade apresentam correlação estatisticamente significativa até aproximadamente 3.500 km, para uma mesma camada. Por outro lado, não foram encontradas correlações entre  duas camadas, o que sugere que as ondas dificilmente penetram de uma para outra camada através da tropopausa, ao menos para a faixa espectral medida. Também foram estimados parâmetros ondulatórios das GW como comprimento de onda vertical e horizontal, frequência, período e velocidade de fase da onda para cada período sazonal.
     
    Com base nos resultados, também foram discutidas algumas implicações para o problema da semeadora de bolhas de plasmas na ionosfera. Por exemplo, o trabaho exclui a possibilidade de que medidas de ondas de gravidade de radiossonda possam fornecer qualquer informação útil para a previsão das chamadas bolhas de plasma.
     
    A climatologia atmosférica e espacial é um rico campo para a aplicação de conceitos e ferramentas de Sistemas Complexos. Esta é um campo de pesquisa presente no programa de pós-graduação de Física do ITA, na área de concentração FIS-C (Dinâmica não Linear e Sistemas Complexos). Para mais informações, consulte a página FIS-C